Whiplash: Em Busca da Perfeição

Título Original: Whiplash
País: EUA
Direção: Damien Chazelle
Roteiro: Damien Chazelle
Elenco Principal: Miles Teller e J.K. Simmons
Estreia no Brasil: Janeiro de 2015




Dirigido pelo jovem Damien Chazelle, 29 anos, Whiplash traça um panorama sobre a obsessão humana na busca por uma suposta perfeição. Explora tal tema dentro do universo musical (onde o verdadeiro dom surge somente em companhia da prática e estudos incansáveis), mais precisamente no jazz, e promove um excitante drama apoiado nas performances excelente de Milles Teller e J.K. Simmons.

O roteiro, elaborado pelo próprio diretor, concentra-se em Andrew Neimann (Teller), uma aspirante a baterista do fictício conservatório de música Shaffer em Nova York, que com seu talento promissor acaba chamando a atenção do regente da banda principal, Terence Fletcher (Simmons). O maestro possui métodos nada convencionais de ensino, constantemente humilhando seus alunos psicológica e fisicamente.

Embora possamos facilmente colocar sobre a mesa as desqualificações de Fletcher, que o classifica à beira da monstruosidade, o longa frequentemente confronta essa visão injetando pequenas quantidades de humanidade ao personagem que o complexifica aos olhos do espectador. Fletcher não é apenas um obstáculo à Neimann na sua busca pela perfeição musical, ele é um reflexo dessa obsessão, sendo parte necessária para a própria existência daquele objetivo. J.K. Simmons entende essa complexidade, ao passo que o jovem Teller tem noção da importância da obsessão de Neimann e transpassam muito bem essa ideia ao público.

O Fletcher de Simmons possui sua rigidez estampada em seu porte físico, muito bem realçado pelo figurino utilizado, e demonstra sua sensibilidade e precisamento musical na maneira ágil e sútil com a qual rege sua banda (basta notar o leve movimento de dedos na contagem dos compassos iniciais de uma música). As câmeras de Chazelle também ajudam a definir o personagem enigmático de Simmons, que, como já deve ter notado o leitor, é quem rouba a cena no longa. A focalização em sua caminhada, na maneira como abre as portas e pendura seu blazer, estabelece um caráter imperial pelo qual Fletcher comanda seus inferiores.

Mas Whiplash não pode ser visto como uma específica excursão à uma espécie de submundo do jazz. Prova disso está nos elementos roteirísticos que Chazelle utiliza que são tão comuns à filmes de esportes ou até mesmo comédias românticas, como a ideia de trazer um personagem (ou grupo) ao chão antes de reerguê-lo no ato final. Como dito anteriormente, o longa está mais para um estudo da obsessão por um objetivo e da maneira pela qual o ser humano pode diferenciar uma conquista como mais valiosa que outra (como na cena do jantar em família onde Neimann menospreza uma conquista de um primo). A questão é que o respeito à música por parte do diretor e toda a sua equipe facilita a identificação entre o enredo, a premissa e os espectadores.

E o resultado obtido no final é um excelente e tenso psico-drama que, apesar de sua base dramática padrão, prende o público com seu ato final rítmica e cinematograficamente intenso.



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