O Teorema Zero

Título Original: The Zero Theorem
País: EUA
Direção: Terry Gilliam
Roteiro: Pat Rushin
Elenco Principal: Christoph Waltz, Lucas Hedges e Mélanie Thierry
Estreia no Brasil: Sem data prevista
(Crítica escrita durante o Festival do Rio)



Dezoito anos depois de seu antigo sucesso, Os 12 Macacos, Terry Gilliam retorna à direção de uma ficção científica. Da mesma maneira que antes, o diretor conta com uma gama talentosa de atores que não deixam o baixo orçamento (que é visível) sobressair. No entanto, o que pode ser seu ponto fraco é talvez o seu maior sucesso (ou vice versa). O enredo complexo tanto prende o espectador quanto o faz refletir sobre as sutilezas contidas na mensagem que o filme busca passar. E o resultado não podia ser diferente se não a vontade de rever, e rever, até se compreender inteiramente a obra.

Qohen Leth (Waltz) é uma espécie de programador computacional/cientista da época, esquisitíssimo, que não suporta o convívio com outras pessoas e nem mesmo a solidão. Desiludido, não se sente feliz mas, tem fé de que está prestes a receber um telefonema misterioso que lhe dará todo o sentido da vida. Trabalhando para um empresa que busca dar sentido às coisas boas da vida, Qohen aceita fazer parte de um projeto que visa provar o Teorema Zero. Em troca, seu chefe, o Management (Damon), conseguirá sua ligação. Entretanto, T-0 se mostra uma tarefa muito mais exigente do que Qohen esperava, e para ajudá-lo, O Management envia-lhe seu filho Bob (Hedges), que acaba se tornando amigo de Qohen e vai ajudá-lo a conseguir sua ligação.

Gillian cria um cenário futurístico caótico e decadente, onde a tecnologia evoluiu e, sem qualquer senso de logística, as cidades foram sendo moldadas. Outdoors animados que acompanham os andarilhos nas ruas, numa interação direta, sobrepostos em muros pichados de diversos prédios mal cuidados. Além disso, o diretor ironiza vários aspectos da vida social de hoje, como uma queda do Facebook ou um parque público cujas placas de proibições, incluindo passeios com animais ou até de mãos dadas, se amontoam em um grande xis.

O senso de humor do diretor não fica só no visual. O próprio Qohen é construído de forma que não só a sua forma de ser, o estilo nerd e o medo de tudo (e do nada), o torna cômico a ironia e inocência de seus diálogos. Christoph Waltz já ganhou dois Oscars como ator coadjuvante. Agora é chegada a hora de, ao menos, concorrer fortemente à estatueta por sua atuação em um papel principal. Tão intenso quanto ele está o jovem Lucas Hedges, que atribui uma dinâmica à narrativa que o protagonista não poderia. Assim como Bob é uma espécie de guia para Q, Hedges age quase que como um condutor para Waltz. Uma combinação perfeita! E mesmo Matt Damon e Tilda Swinton, que aparecem pouco, quando o fazem são magistrais em cada movimento.

Embora possa parecer demasiado complexo (na verdade não é só impressão), O Teorema Zero é um filme sobre a libertação de uma alma, de um coração. Essa ideia surge de trás das noções contraditórias com que o roteiro do estreante Rushin lida. A crença de que a vida deve ter um significado é o que pode tornar esta vida algo sem sentido. É nisso que consta a prova do teorema, zero deve ser igual a 100%, o nada é tudo e tudo é nada.


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