'71

Título Original: '71
País: Reino Unido
Direção: Yann Demange
Roteiro: Gregory Burke
Elenco Principal: Jack O'Connell e Sean Harris
Estreia no Brasil: Ainda sem data prevista




A estreia do diretor francês no ramo da cinematografia se dá com um sensacional thriler que há muito não se vê tenso igual e que lhe rendeu o prêmio de melhor direção pelo prêmio de filmes independentes britânico, além de várias indicações no BAFTA 2015, incluindo melhor filme britânico. Ainda que retrate um história fictícia, o tratamento delicado, e crú, dos confrontos da Irlanda do Norte no final do século passado mostra que '71 é algo completamente realista.

Escrito pelo também estreante Gregory Burke, o roteiro tem como pano de fundo um tema atual, uma ferida ainda cicatrizando (ou não!), e uma situação dentro do comum de uma guerrilha como aquela. Mas vai fundo, explorando tanto a complexidade do confronto entre católicos e protestantes, do ponto de vista político e dos cidadãos, quanto a dinâmica cinematográfica, estabelecendo uma narrativa feroz que deixa o espectador inquieto em sua poltrona.

Acompanhamos o jovem soldado, Gary Hook (O'Connell), que é deslocado junto com seu pelotão, para Belfast, Irlanda do Norte, quando o exército britânico entra nos conflitos contra o IRA em 1971 (e daí o nome do filme). No que seria uma atividade rotineira nas perigosas ruas da cidade, a multidão foge do controle do exército e Gary é acaba abandonado pelo seus companheiros, ficando preso no território inimigo e sendo incansavelmente cassado pelos membros do IRA.

Embora não seja uma obra prima, poucos diretores conseguem o feito de Demange, produzindo uma experiência tão revigorante e visceral com suas câmeras. Ele nos apresenta uma visão daqueles turbulentos anos de uma forma muito precisa, mostrando como um motim poderia surgir repentinamente nas ruas de Belfast. E quando parte para o jogo de gato e rato, nos vemos em meio a uma insegurança agonizante, com a sensação de que a qualquer momento algo pode sair explodindo do nada.

E pode ser que '71 não não lance nenhuma nova luz nos conflitos entre protestantes e católicos, até mesmo porque Demange não está interessado em escolher um lado na história. O jogo político adicionado à trama evidencia a complexidade daqueles conflitos, nada diferente de muitos que ocorrem no mundo hoje, mostrando que não pode haver simplicidade na tomada de um partido. A simplicidade estaria somente na debandada do ódio característico humano para então decidir acabar com qualquer conflito acima de qualquer questão.

É um trabalho muito seguro de si e carente de dúvidas. Um exercício do gênero que poucos conseguem realizar.

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