Juan dos mortos

Título Original: Juan de los muertos
País: Cuba
Direção: Alejandro Brugués
Roteiro: Alejandro Brugués
Elenco Principal: Alex Díaz de Villegas, Jorge Molina, Andrea Duro e Andros Perugorria
Estreia no Brasil: Julho de 2013



"Em um país que leva 50 anos se preparando para um enfrentamento com os Estados Unidos, o que fazer se na verdade tivessem que enfrentar zumbis?" Essa é a questão inspiradora para a comédia irreverente do diretor cubano Brugués. Mas não são somente risos, há uma profunda sátira ao cidadão cubano atual e seu cotidiano na deslumbrante Havana.

Juan (Villegas) é um autêntico "faz nada" que, junto com seu comparsa Lazaro (Molina), simplesmente sobrevivem na capital cubana. Repentinamente, estranhos acontecimentos começam a suceder: as pessoas se voltam umas às outras violentamente. A mídia atribui os incidentes à dissidentes políticos pagos pelo governo norte americano. Mas pouco a pouco, Juan percebe que estes dissidentes não são seres humanos comuns, sendo bem mais difícil matá-los, e assim monta um exército para proteger sua cidade amada... e ganhar dinheiro, claro.

A comédia é predominantemente satírica, insinuando em cada diálogo cruas verdades sobre o povo cubano e seu estilo de vida no pós-revolução. O diretor afirma que "os cubanos têm basicamente três formas de enfrentar os problemas: fazer dele um negócio lucrativo, se acostumar e seguir a vida, ou se jogar ao mar e fugir", e é justamente este esteriótipo que vemos ser explorado no longa. A figura tranquila, que Villegas atribui ao protagonista é fundamental na representação do pensamento do diretor e também é o carro chefe do humor contido no filme. Seus gestos já garantem boa parte das risadas, indo do espalhafatoso malandro ao bravo e malabarístico guerreiro da linha de frente.

O visual da projeção não encanta, reflexo claro do baixo orçamento da produção, mas é favorecido pela equipe técnica que trabalhou tendo noção de que bastava o essencial, uma vez que o coração do filme está muito mais na sua mensagem e na maneira como seus realizadores a despertam para o público. Nisso, Brugués e sua equipe estão de parabéns. Dão vida ao apocalipse zumbi (com bastante sangue) como deve ser, enquanto a fotografia de Carles Gusi mostra a pitoresca Havana sem fugir do clima de destruição que a assola. Em cima disso, paira a comédia.

O estilo cômico adotado é diversificado. Podemos ver previsíveis piadas (como o salto do terraço) mas também pontos hilariantes ("Querem comer, como no período especial, mas não se limitam somente aos gatos"). O que importa é que a comédia está sempre presente, oscilando entre autos baixos, mas presente.

É uma prova de que comédia pastelão não precisa ser somente besteirol americano, como andam fazendo por aqui no Brasil.


Nenhum comentário:

Postar um comentário