As vantagens de ser invisível

Título Original: The perks of being a wallflower
País: EUA
Direção: Stephen Chbosky
Roteiro: Stephen Chbosky
Elenco Principal: Emma Watson, Erza Miller e Logan Lerman
Estreia no Brasil: Outubro de 2012



Ao som de canções marcantes, o longa revive a atmosfera adolescente do início dos anos 90 ao passo que eleva os "invisíveis" como os únicos que podem ser quem realmente são.

A nostalgia é um sentimento ícone por nos afetar simultaneamente de duas maneiras contraditórias. Uma certa foto, música ou banda e lógico, um filme, pode nos emocionar ao fazer recordarmos uma época especial das nossas vidas e ao mesmo tempo causar aquela triste saudade que muitas vezes nos abate. Hoje, muitos sentem-se assim ao rever títulos como Curtindo a vida adoidado, Mulher nota mil, Te pego la fora, Clube dos cinco, Os Goonies, Conta comigo, Karatê Kid, Quero ser grande, Footloose, entre tantos outros, que retratam principalmente a infância e/ou adolescência da nossa época. O que talvez possa emocionar ainda mais é ver o cinema de hoje prestar uma homenagem aos nossos tempos como é o caso deste maravilhoso As vantagens de ser invisível.

Charlie é um tímido calouro de uma escola de ensino médio na Pennsylvania que vê uma oportunidade de superar seu isolamento ao conhecer os veteranos Patrick (Miller) e sua meia-irmã Sam (Watson). O roteiro, construído pelo próprio autor do livro homônimo, Stephen Chbosky, explora a evolução emocional do protagonista à medida que o mesmo vai descobrindo o novo mundo da adolescência. E a jogada mais brilhante aqui é o tratamento do universo escolar dos anos 80/90 sob o viés de uma filosofia educacional mais contemporânea. Chbosky leva Charlie a uma auto descoberta, em meio ao cotidiano de festas, drogas, sexo e rock and roll, onde não é preciso esconder quem e como realmente você é.

Sustentando sua força na atuação do trio principal, a trama se desenvolve ao público gradativamente. Isso ajuda a nos identificarmos com os sentimentos de Charlie à medida que, junto a ele, vamos conhecendo a excentricidade de Patrick e o carisma de Sam, além das próprias aflições e temores do passado do jovem. Emma Watson mostra a sua habilidade em encorporar as personagens sem deixar vestígios de algum trabalho anterior. E se Erza Miller parece ter tido seu papel feito sob medida, é Lerman quem surpreende com a naturalidade que encarna o perturbado Charlie.

Assim, como uma amizade que, se aprofundando com o tempo nos permite enxergar e entender melhor nossos companheiros, o trabalho de direção, também de Chbosky, calmamente vai fazendo com que Charlie se revele a nós. Começamos então a entender a complexidade naquele garoto e muito mais, a sua força em seguir em frente e a importância que os amigos têm nessas horas.

No fundo, o longa é uma tremenda homenagem aos anos escolares e a todos aqueles momentos simples que não tínhamos ideia que ocupariam um destaque tão grande nas nossas histórias. Não se trata de minorias, ou maiorias, não é sobre crescer propriamente, mas sim sobre viver. Sobre tudo aquilo que faz nos sentirmos infinitos.


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