J. Edgar



Título Original: J. Edgar

País/Ano: EUA/2012

Direção: Clint Eastwood

Elenco: Leonardo DiCaprio, Armie Hammer e Naomi Watts.






 
John Edgar Hoover, foi o fundador da FBI e seu diretor até 1972, quando faleceu. Se por um lado ele foi fundamental no início da utilização de impressões digitais para criar um cadastro de criminosos do país, na utilização da ciência em prol das investigações criminais e desenvolvimento de um serviço de inteligência que é responsável por todo o sucesso na política internacional (e guerras) dos Estados Unidos, Hoover tem seu legado manchado devido à perseguição implacável de inimigos pessoais e uso de técnicas ilegais, como escutas não autorizadas e evidências plantadas, o que lhe permitiu também chantagear até presidentes nacionais. E a maior falha artística deste filme é não conseguir enfatizar as atrocidades desse mau caráter e racista que foi Edgar. Ou seria isso um "falha proposital" do grande diretor Eastwood? Afinal, depois do comercial que protagonizou no Super Bowl deste ano, ele já representa aquela velha consciência gloriosa de seu país.

Assim como ocorreu com o fraco A Dama de Ferro, os maiores erros estão no fato de não conseguirem criar um quadro concreto de seus protagonistas, com a deficiência a mais para este longa quanto a direção de arte. O envelhecimento dos atores só convence para DiCaprio (ainda que em algumas cenas surja estranho) e é ridículo para Hammer, prejudicando o seu trabalho na interpretação de Tolson na velhice, que fica quicando ao caminhar. Já o figurino é impecável, ilustrando nas vestimentas dos personagens as diversas décadas pelas quais o filme atravessa.

Ainda sim, são os próprios DiCaprio e Hammer quem salvam o filme de ser um desastre total. Eles desenvolvem bem a dinâmica entre seus personagens que aqui mantêm uma relação homossexual não consumada, digamos. Mas esta é justamente a razão pelo qual o filme não consegue estabelecer afinal quem foi Hoover. O desenvolvimento pessoal acaba por não ser convincente (e seu lado gay sempre foi apenas boatos) e atrapalha na concretização dos atos tomados por ele na direção do FBI, de modo que somente no final do longa nos damos conta da gravidade de suas atitudes (o tempo todo nós sabemos de seus exageros no tratamento de radicais políticos, de seu racismo, de sua sede por sucesso, mentiras, chantagens, entre outros inúmeros atos ilegais. Mas de alguma forma nada disso soa sério, ou fica evidenciado na história do país).

No entanto, foram essas cruéis atitudes que levaram os EUA a ser o que é hoje, com esse imenso poder internacional em mãos, então não deve ser tão estranho que uma aliviada na caracterização de Hoover seja bem recebida pela população americana, já que de uma forma ou de outra eles "comemoram" as "vitorias" obtidas ao longo da história. E "nós" não podemos falar muito pois parece que uma considerável parcela da população brasileira ainda se reúne para comemorar a Contra Revolução (leia-se golpe militar) de 1964.

Trailer:

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